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Meco

por Filipa, em 23.01.14
Ouvia eu, muito sossegada cá na minha vida, a reportagem acerca da tragédia do Meco, quando decidem entrevistar duas aventesmas, amigas de uma das vítimas e, a páginas tantas, um dos trambolhos diz que as praxes ensinam a respeitar os outros e a prepará-los para o futuro. 
Eu não fui praxada. Mandei-os para o caralho que não estava para aturar merdas de gajos com idade para serem meus pais mas que andavam ali armados em adultos. Não fui praxada mas vi muita coisa e a maior parte dela não a faria nem a animais. Foi o pior dos anos que lá malhei. Aturar quer a subserviência de quem desespera por ser aceite, quer a autoridade desrespeitosa de quem nunca teve um pingo de educação na puta da sua casa, não é nem nunca foi para mim.
Respostas como esta estúpida deu numa entrevista acerca da morte de uma das suas melhores amigas é, no mínimo, absurda e era gaja para lhe partir os dentes com umas botas de biqueira de aço que tenho ali, guardadas para situações extremas, e lamento o tempo que os pais dela não perderam a fazer a sua obrigação.
Tenho uma pena imensa das vítimas e uma maior das mães e pais destes miúdos. Fico com o coração de fora quando olho para o meu filho e penso que vou ter que chegar a velha e arranjar forças para o defender destas merdas todas, pelo sim pelo não, comecei agora no cálcio, não vá o diabo tecê-las.
Façamos o que os pais do "sobrevivente" acham bem: esperemos que a amnésia selectiva do dux se vá e que diga, finalmente, o que aconteceu. Se as minhas botas forem úteis, disponham.
É só isso que aqueles pais todos querem, saber o que aconteceu aos filhos para, finalmente, poderem descansar em paz.


Ainda vou a tempo ou quê?

por Filipa, em 06.01.14
Devia fazer uma listinha, pequenina que sou moça singela, de resoluções e/ou desejos, aquelas merdas que se dizem quando se está sob o efeito de espíritos natalícios e com o coração cheio de amor ao próximo, em que toda a gente merece perdão e uma segunda oportunidade e às vezes até uma terceira. 
Deus não me fez assim, sou coisa ruim e gosto cá de decidir as minhas coisinhas isenta de toda e qualquer emoção. Posto isto, gosto mas é de o fazer quando aniversario coisa que custa cada vez mais porque ou sou eu que ando maluquinha ou o tempo passa cada vez mais depressa. Mal tive tempo para dar beijinhos nos pezinhos do meu João, imaginem. De repente, sem que aparentemente nada o fizesse prever, cresceram-lhe ali uns belos chispinhos e já mostra sinais de querer ser um rapazola, cá agora paneleirices de bebé, era o que faltava. 
À falta da lista na altura certa, aqui vai ela que ainda vou muito bem a tempo:

Peso:
Queria muito perder a bóia que se apossou da minha cintura. 
Não há muita variedade de roupa que faça balão nessa área e andar sempre de barriga encolhida cansa.
Chega a faltar-me o ar e já aconteceu ter cãibras nas costelas.
Tentei a dieta da Ágata não sei das quantas, mas foda-se, dieta de merda, ovos com fartura, gelatina até às bordas, poupem-me, não nasci para aquilo.
Hoje, último dia de Natal, vou fazer de enfardadeira e amanhã, sem pressões, só naquela, tiro os bolos, os doces, as batatas fritas e os chocolates e logo se vê como me sinto.

Trabalho:
Tenho uma chefe nova. 
Não sendo mau, não chega a ser bom. Livrei-me de dois rabetas, mas não me entendo muito bem com gajas. Bem sei, bem sei que gays ou gajas é praticamente a mesma coisa, talvez esteja a ser chamada de incoerente, mas se há algo que gay nenhum conseguirá que aflore aos seus poros, é a maldade inerente à condição. 
As mulheres são umas putas e isto não é  cliché, é ciência.
Portanto a resolução deste ano neste campo, será boca fechada.
Como podem verificar, boca fechada nas duas primeiras resoluções, isto promete.
Não sou gajo para obedecer assim, numa primeira abordagem. Gosto de perceber as coisas, ver nexo nelas e, o mais importante, tenho de gostar da forma como a ordem me é dada. Gosto de um bom preliminar, de um mimo, de um carinho, de uma festinha, de um se faz favor, de um ou outro obrigado e gosto pouco de gritos. Desde miúda. Os gritos fazem sair de mim o pior que há cá para dentro e depois para entrar é que são elas.
Acho que esta será a mais difícil de concretizar, vou precisar de muito apoio.
E comprimidos para os nervos.

Amor:
É continuar assim que está doce. O meu gajo é mesmo grande e dá-me valor que eu não sabia que tinha. Não sei que fiz eu para o merecer, o que eu sei é que já merecia.
Fala noutro bebé, está parvo o homem. Ainda ando eu de costura arrepanhada quando o tempo muda e já anda ele com ideias de merda. Ainda o mato mas talvez não seja este ano.

Família:
Vamos manter as coisas no nível em que estão. Tudo muito unido, tudo muito junto, tipo tribo e ai de quem venha estragar. Gente do norte com gente dos Alentejos, dá nesta confusão tão quentinha e segura.
Se me falta algum não sei o que será de mim.

Amigos:
Pois.
Nem sei o que dizer.
Nos últimos anos tenho levado tanto banhinho de água fria que só de pensar no assunto tremo de frio.
Sobraram poucos depois da razia que lhes fiz.
Não foi fácil. Fui chamada de ingrata, de mal educada, de mal agradecida e de mau feitio. Agradeci, pois claro, que ainda tenho um pinguinho de educação, mas declinei qualquer reaproximação. Se é para morrer, que morra de vez e este foi o meu lema o ano passado. 
Devo confessar que houve (ainda há) um caso que não sofreu este radicalismo todo porque é um caso delicado. Sempre foi e não vejo maneiras de deixar de o ser. Mantém-se por aqui, a pairar, mas como a distância de segurança é respeitada, não me afecta. 
Os sobreviventes já vêm de longe e todos juntos iremos mais além.
Bonita frase, esta.

O meu João:
Tempo.
Quero que o tempo abrande, por Golias! Daqui a nada tenho o miúdo nos comandos e eu quero-o bebé por muito tempo. Na roupa, nas expressões, no tempo que já passa acordado, na evolução, na vontade própria, no riso, em tudo, mostra que ainda na semana passada a médica me estava a receitar cama e hoje já refila se eu abuso da cenoura na sopa.
Mais do que o tempo propriamente dito, quero ter muuuuuuitos momentos de alta qualidade, muitas gargalhadas, muitos mimos, muitas dentadinhas nas bochechas do rabo, muitos passeios na praia, muitas sestas embrulhadinhos um no outro.
Este puto é um castiço, que hei-de fazer?

Os meus animaizinhos lindos:
Em primeiro lugar, meu pequeno Guedes gosta de uma boa altura. Maneiras que assim que vê uma brecha nalguma janela é vê-lo a enfiar o seu focinho cheio de pedigree por ela adentro (ou afora, dependendo do ponto de vista) numa tentativa de a abrir. O meu pussy tem tendências suicidas, é a conclusão a que chego. Desejo, portanto, não me esquecer de nenhuma janela aberta que ainda hoje lembro, saudosa, das centenas de euros que gastei com este conas, aquando a sua aventura pára-quedistica.
Vai ser difícil que ando com uma memória de merda, mas vamos pensar positivo.
A Ella, a assassina implacável.
Conforme se lembram, foi ela que empurrou pequeno Guedes parapeito abaixo. Esteve em vias de desaparecer mas decidi dar-lhe nova oportunidade. Não tem corrido mal e acredito que tal esteja a acontecer porque os tintins do Guedes já eram.
Desejo que os pensamentos assassinos desta criatura se desvaneçam e se consiga inserir na sociedade.
Chanel e Dior:
Duas porquinhas fofinhas que me destroem a casa.
A última foi, estão a ver aquelas ceninhas presas ao chão que evitam que as porta abram demais e que agora não me lembra o nome? Pois bem, comeram-nas a todas e estamos a falar de oito portas. 
Desejo que estas duas atinem que eu preciso de um tecto para morar e cada vez que lhes levanto a mão, aleijo-me.

Blog:
Chegar aos mil seguidores.
Como, ainda não sei, mas uma selfie de mamas ao léu não está completamente fora de questão.
É esperar.


Feliz ano!







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