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Partilha de afectos III

por Filipa, em 23.03.16

Olá, meus pequenotes, saudadinhas minhas? Eu tenho sentido imeeensas, vocês já fazem parte de mim, como se fossem eu e o meu colete de atilhos ou eu e a minha tese sobre Froid. São coisas que uma pessoa nunca mais esquece, matéria que nunca mais nos abandona, apesar das noites em branco, em preto, em todos os tons de cinza. Ai, isto foi o livro que comecei a ler ontem, já estou a baralhar tudo. Quê?, vocês não sabiam que eu estudei Froid?

Opá, sabem lá a cegada que foi, odiava aquela merda, passava as aulas a fazer corações e rabiscos na sebenta, a mascar gorila de banana -mais tarde comecei a dar no licor- e a olhar para o relógio e a colar macacos debaixo da carteira, mas lá consegui acabar aquilo e quando chegou a hora de ensinar, como por magia, passei a adorar. Estas coisas acontecem-me imenso. Também não gostava nada de pescada cozida com feijão verde, mas uma vez estava mal da barriga, muita actividade extra, e a minha madrasta que o meu papi tanto ama -papi, bates forte cá dentro, han?, tu e o bmw que tens aí parado- que estava a começar a ficar farta de suster a respiração derivado das gazadas que eu largava, ensinou-me a gostar e a partir daí passá-mo-nos a amar, eu e as pescadas, ando sempre com uma na mala e tudo para quando tenho um ratinho no estômago, não comer porcarias que me vão engordar os tornozelos. Onde é que eu ia?, ah, pois o cabrão do Froid.

Pronto, adoro-o muito mas em primeiro lugar acho-o assim um bocadinho inconsciente por decidir trabalhar com gente com problemas mentais. É que é perigoso e tudo! Depois detesto o termo "problema mental". Isto não existe. O que existe, e para mim a melhor alternativa, é "disturbio mental" que é um termo muito mais abrangente e que pode muito bem também ser tratado com choques eléctricos e um trabalho normal. Depois porque Froid dizia coisas um bocado assim para o parvo e eu via-me à rasca para explicar elas aos meus alunos. Por exemplo, esta alminha disse que o homem é dono do que cala e escravo do que fala, ai pá, não concordo mesmo nada, mas este gajo está parvo ou quê? O homem é dono do que fala e escravo do que cala, isto sim!, digam lá que este escrito meu não está verdadeiramente sublime? Por causa que há processos e assim, sou dona do que falo, responsável pelas minhas prosas e estrofes e como às vezes escrevo merdas que mais valia estar calada, tanto que até as apago, sou escrava do que calo.

Depois aquilo da hipnose, epá, isto faz-me cá uma espécie...aos anos que espero por um sinal que comprove aquilo da hipnose uma vez que comigo não tem resultado, nem quando papi me anima dizendo -papi, amo-te. A ti e à tua casa na praia *piscar de olho*

- "filha, histérica já és, calma que só falta o resto."

Nem assim.

Ando esmorecida com isto, continuo a não perceber muito bem e por conseguinte também não consigo ensinar lá grande coisa, mas já dizia o Eng Sócrates: "E eu, que estou de bem com a vida, creio que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolhas de sabão e tudo que entre os homens se lhes assemelhem" o que só prova que Nietzsche quando criou o Complexo de Electra, fê-lo para pessoas menos complexas e descomplexadas, assim como eu.

Será que tenho as bolhas pequenas?, pergunto-me.

 

 

O poder do amor é obeso. Eu sou uma obesa...


42 comentários

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De Filipa a 23.03.2016 às 20:29

Exacto.
E à segunda e à terceira para as que não pinam.

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