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José António Menezes Albergaria de Proença Jacinto Nóbrega de Herédia Rodriguez andava de um lado para o outro, retorcendo o lenço rococó, enquanto tentava perceber qual a saída que melhor lhe servia:

"Zé António, aperte mas é o rabo senão isto ainda vai dar molho. Mas que merda é que aquela subalterna pôs no fiadeputa do bacalhau, pá? É sempre esta merda de cada vez que come lá, mas que coincidência é esta que começa a parecer não tão coincidência? E não me diga, Zé António, que vou ter de levar com aquela mastronça depois de casar com a menina Constança que eu não aguento uma semana nisto sequer a cagar à pistola de cada vez que como o que ela cozinha. Há-de fazer-se um homem, Zé António, um homem à séria, largar essas paneleirices todas do social e exigir que Contança Maria despeça aquele personagem sob pena de não lhe dar herdeiros. É isso. Ou a descendência ou a saúde do meu trato intestinal. Aproveito e sempre é mais uma desculpa para continuar cá na minha paneleiragem que uma 'ssoa também têm direito aos seus guilty pleasures."

José António Menezes Albergaria de Proença Jacinto Nóbrega de Herédia Rodriguez pensava no seu futuro e no que havia de fazer em relação ao problema que tinha em mãos e em suas entranhas que ia subindo e descendo, cada vez mais vivenciando uma inédita experiência de quase-morte, quando, estático e imóvel se apercebe que está perto de casa de Balbina que, por motivos, se recusava a pernoitar em casa de sua Senhora.

Não podia.

José António Menezes Albergaria de Proença Jacinto Nóbrega de Herédia Rodriguez não podia ir pedir guarida escatológica ao inimigo! Jamais! Antes cagar um pé todo até ao joelho, já dizia paizinho de Filipa Maria de Jesus BaPtista de Colaride Brás* e isso estava mais perto de acontecer do que José António Menezes Albergaria de Proença Jacinto Nóbrega de Herédia Rodriguez poderia pensar. Além do lencinho paneleiro que torcia entre os dedos e que ia tão bem com seu soquete e com a sunga de bilros, com vista a aliviar as dores abdominais que o faziam torcer a ele próprio, o blazer de couro de cabra que, parecendo que não, ainda era coisinha para ser capaz de lhe ferir as nalgas macias de quem as levanta apenas para fazer o que mais ninguém pode fazer por ele e também para as abanar defronte dos amigos naqueles tais programas semanais, que envolviam bebidas, jogo e outras coisas por demais masculinas, não tinha nada à mão que lhe pudesse servir de agente higienizador caso decidisse, contra todas as regras impostas pela sociedade no geral e pela sua paneleirice em particular, arrear o calhau no jardim de sua arqui inimiga, Balbina de seu nome. Ainda se tivesse um casaco, qualquer um, ainda que barato, com o seu nome bordado no interior...

Constança Maria de Almodôvar Moraes Serpa de Campos Toledo Alcântara e, daqui por seis meses, de Herédia Rodriguez, olhou-se pela última vez no espelho antes de sair, enquanto aplicava a última gota de Chanel Nº 19 no interior no seu pulso direito. Ao tapar o frasco, o diamente do seu anel de noivado reluziu. Constança Maria de Almodôvar Moraes Serpa de Campos Toledo Alcântara e, daqui por seis meses, de Herédia Rodriguez sorriu. Havia de ser a mulher mais feliz do mundo, casada com o homem que mais amou na vida, com o qual aprendeu a ser mulher, e com o qual haveria de ter três filhos, lindos e se fizesse bem as contas, loiros.

Suspirou. Acordou destes sonhos e olhou para o relógio "Meu Deus, Constança, olha as horas!!! Está quase na hora de abertura do LIDL!!! A menos que queira partilhar filas e filas com o povo, com gente imenso de pobre, plebe que não se sabe posicionar, sempre inconvenientes e com aquele cheiro característico que se agarra a tudo, ao cabelo, à roupa, à alma, a menos que queira isto tudo, sugiro que dê corda aos Valentino a ver se chega antes daqueles desabridos todos e consiga ver em paz a colecção da Heidi Klum e traga aquele blusão Biker. Não se esqueça das mini-férias à neve para o mês passado e ainda não tem casaco para a viagem.

Vite, Vite Constançá."

 

*Muito gosto





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