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ora bem, lá a ver:

por Filipa, em 13.11.15

Os meus chinchilas tiveram uma chinchilinha, a Rita.

Ontem à noite era a altura de juntar a mãe e a cria, ao pai que têm de permanecer separados desde o parto até uns dias depois, uma vez que a fêmea fica imediatamente com o cio mal pare.

Este intróito para dizer que mais valia ter estado quieta.

A puta da chinchila teve um piripaco qualquer e ia tudo a eito com aquelas favolas medonhas. Mordia-me a mim, ao meu gajo, ao macho, ao filho mais velho, à bebé e eu aflita, a chorar, ai a bebé, aquilo é sangue?, ai que já há sangue por todo o lado, o meu gajo agarrado ao dedo, peneleiro dum cabrão, pá, só me enerva, a gaja trepava pela gaiola, ninguém conseguia agarrar naquele meio kg mal cagado e eu já aos gritos -reparem que isto eram, se a minha memória fraca e cansada não me falha, umas duas da manhã, que é a hora que as boas ideias me costumam bater- manda-me já essa puta pela janela, olha a bebé, toda eu baba e ranho, finalmente consigo pegar em baby Rita que, assustada, se aninha na curva do meu pescoço -ó glória!, finalmente tenho qualquer coisa que se me aninha no pescoço!- 30 graminhas de fofura assustados, molhada da saliva daquela merda de mãe que se passou com sabe deus o quê, e cujo instinto foi matar tudo e todos.

Furiosa, vou buscar uma gaiola minúscula, de transporte, calço as luvas do jardim, agarro naquele cagalhão e espeto com ela lá para dentro, fecho-a na garagem e volto para casa, onde seco a pequenina, enquanto o meu gajo procura um hospital veterinário que perceba de chinchilas -pá, está aqui um nicho jeitoso, ninguém percebe disto, incrível os veterinários da minha zona, acho que nem nunca tinham ouvido falar em tão raro bicho- que nos mostra o melhor dos cenários : tapete de aquecimento, feno cortadinho e leite de cabra de três em três horas. E mesmo assim é provável que não viva.

A baby Rita tem uma semana e 30 gramas. E estou aqui com ela ao colo, a aquecê-la. O pai dela é pai e mãe, lá nisso teve sorte. Mas a mãe continua passada, mal se abre a porta da garagem, começa logo aos coices, a gaiola chega a sair do sítio, deve-lhe ter subido o parto à cabeça, não sei. Claro que o meu gajo está aqui cheio de pena dela, a arranjar maneira de a introduzir na família outra vez, quando eu só quero mesmo é que a gaja de foda (estejam descansadas, puritanas de merda, os meus filhos não vão ler isto, nem eu vou ter necessidade de apagar posts antigos para não correr esse risco, caaaaaalma, muuuuita calma). A baby Rita chora baixinho a falta da mãe, num choro inconsolável que nunca tinha ouvido numa chinchila e nem quando está com o pai se cala.

Não sei se baby Rita vai sobreviver, o que sei é que não quero a mãe dela em casa. Não consigo olhar para ela da mesma maneira. Sei que mais uma vez estou em trabalhos por causa dos meus animais, a noite passada foi linda, esta noite vai ser linda e as que aí vêm, enfim. De três em três um de nós levanta o cu da cama, enche a seringa de leite de cabra previamente amornado e está ali até a pequena beber aquilo. Depois é pô-la ao pé do pai, esperar que ela se meta debaixo dele para aquecer e voltar para a cama. E depois a nossa vida de pais, trabalhadores, companheiros e eu, blogger, que esta merda parecendo que não, ainda me consome.

Ficarei imensamente feliz se baby Rita sobreviver, estamos todos a fazer por isso. Se não sobreviver, alguém que me venha cá dizer para eu ter juízo, que é só uma chinchila, que as coisas são como são e não é por me ter acontecido a mim que faz deste episódio, o acontecimento do ano.

 

Obrigada.

 

 


34 comentários

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De Cusca a 13.11.2015 às 14:25

Inspira expira. À distância um dia ver-te-ás como uma heroína :)

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